quinta-feira, 16 de agosto de 2012

estranho passageiro

Era a primeira vez que o via e não conseguia entender como um estranho podia assombrar-me tanto. Sabia que também tinha me notado e que me desejava, seus olhos não negavam. Eu também o desejava, e como.
Um sujeito tão seu, tão cheio de si, porém, não transparecia arrogância, pelo contrário, despertava-me loucamente a vontade de descobri-lo. Descobri-lo de fato, tirar-lhe as roupas também.
Extremamente envolvente com seus olhos pretos, grandes e bem contornados. Seu nariz fino e longo. A barba por fazer e os cabelos ligeiramente longos e desalinhados que traziam uma bandana - você pode até achar uma bandana brega, até ver como caía bem nele. E tinham os brincos nas orelhas.
Ele estava acompanhado, no entanto me olha vez ou outra quando ela não estava por perto.
Senti meu coração queimar e a boca secar, tinha sede. Queria me embebedar dele, mas perdi-o de vista, e por algum tempo minha noite foi normal. Sai então do galpão, onde o som era muito alto, para me sentar com algumas amigas do lado de fora sob as árvores, não importando o frio.
Foi quando me inclinei para falar com uma amiga que estava mais distante eu o vi, ele também me viu, e me olhou, de uma maneira que fez-me sentir enxergada, quase despida e, acima de tudo, intimidada. Me entreguei ao olhar, um pouco mais que isso, me atrevi e olhei-o também. Fui além disso, o despi e o enxerguei, muito além disso, toquei-o com os olhos e ele também tocou-me. Acariciamo-nos. Incitamos e excitamos um ao outro, ao fim provamo-nos sentados ali, apenas olhando-nos, depois do gozo desses olhos, sorrimos nos despedindo e eu não o vi mais naquele noite, nem em outra qualquer.

(Mariana Vasconi)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Espanhol


Um par de olhos castanhos, e tão intenso castanho que me arrastavam pra fora de mim. Seus cabelos bagunçados e negros atraiam minhas mãos, loucas por acariciá-los. Aquelas sobrancelhas fartas traziam um desenho másculo ao rosto. Todos aqueles traços de descendência espanhola, o sotaque e o jeito manso de falar me arrepiavam a espinha. Quis gritar não consegui, lhe neguei o beijo! Pergunto agora por que o fiz se morria de desejo...
Encontrei-o na rua um dia desses, e aqueles olhos eram os mesmo, tão profundos e desafiadores me engoliram, tentei acalmar minha alma para conversarmos, eu estava com saudades, há tempos não o via. Chamou-me para uma corrida no parque, disse-lhe que não estava vestida pra tal, porém fez questão de me levar em casa e esperar que me trocasse. Fomos, então, correr. Depois de cerca de 30 minutos eu já estava cansada, não sou a mais preparada atleta. Ele, educadamente, reparando meu despreparo, sugeriu que descansássemos - graças a Deus!. Sentamos debaixo de uma árvore, mas ainda assim estava muito quente, eu estava quase passando mal. Pediu-me se podia tirar a camisa já que estava muito suado e o sol castigava a cidade naquele dia, não neguei o pedido, disse que não havia problema algum, eramos amigos, e com amigos não se tem dessas coisas. Pois bem, ele a tirou, logo que vi aqueles ombros e sua clavícula estremeci. Uma gota de suor correu seu peito e eu, que havia acabado de levar a garrafa de água até a boca, literalmente babei, deixando um pouco de água escorrer pelo meu queixo, pescoço e colo. Ele, que não é bobo nem nada, reparou minha respiração, meu suspiro involuntário, foi se aproximando, perguntando se eu estava bem e antes que pudesse responder calou-me com um beijo, aquele beijo que agora não pude negar me entregando e deixando-me ser consumida e possuída pelos seus braços quentes.
Permanecemos ali, emaranhados um no outro até começar a anoitecer. Dando-me conta de que ficava tarde disse que ia embora, ele, como sempre muito amoroso fez questão de me acompanhar. Levantou-se firme, pegou minha mão, ergueu-me, e com seus dedos entrelaçados aos meus permaneceu o caminho todo.
Quando chegamos a porta da minha casa já eram quase oito e meia da noite, no céu a lua já reinava bela e ele não perdeu a chance de comparar-me com ela, mas ressaltava que eu era mais bela e tinha luz própria, ao contrario dela, eu me derreti, no entanto não cedi a tentação, despedi-me dele debaixo daquele tapete de estrelas com o beijo mais envolvente que eu tinha nas mangas, percebi que ele amoleceu e que deixei-o com vontade, entrei sem convidá-lo, tranquei a porta, ele ainda ali parado me olhava. O vi pegar o celular, em seguida recebi uma mensagem que dizia: "Te pego amanhã as 8h! Vamos ao cinema!". Não pude evitar o sorriso, subi correndo até meu quarto e despejei todo meu desejo, ainda não saciado, em meu caderninho com uma frase que expressava tudo o que eu ansiava aquela noite. "Querer meus  lábios em seu corpo, o seu toque em minha pele, seu hálito em minha nuca, minha mão agarrada a seus cabelos, meu prazer sussurrado em sue ouvido."
Certamente que sonhei com ele aquela noite, e os olhos, é claro, me atormentaram e consumiram meus pensamentos.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

gosto de leitura que dá tesão, no bom sentido. aquela que você não quer parar de ler, mesmo que as letras já estejam embaçando e você fica ávido por terminá-la.
gosto quando um capítulo puxa o outro e não te deixa parar. gosto daquela leitura que te leva ao gozo, e que as vezes, mesmo depois de terminada, te deixa com gostinho de quero mais na boca e te faz pegar outro livro e começar tudo de novo. gosto de transar com as palavras e sentir o enredo em meu corpo. resumindo, eu apenas não gosto de ler, eu preciso ler, é quase que uma necessidade fisiológica, que por bônus me leva ao delírio.
(Mariana Vasconi)
menina: "ando sentindo muita coisa e acabo não sentindo nada por inteiro."


melhor amiga: "não seria o fato de um sentimento não correspondido?"


menina: "acho que é o caso de eu não corresponder à sentimentos!"


(Mariana Vasconi - colaboração de alguém especial)

Falta tudo e mais um pouco

To sentindo falta, muita falta, uma falta que mata, uma falta que machuca, uma falta que me faltam palavras pra explicar.É uma falta que me falta coragem pra encarar, tanta falta que nem sei mais o que me falta.

(Mariana Vasconi)

sábado, 26 de novembro de 2011

cicatrizes

meu peito dói com a vontade de chorar presa aqui, tudo que faço tem presente o medo, e a angústia da reprovação.
quero tanto ser livre, sem expectativa de ninguém à atender. só a espera pela a realização dos meus sonhos já me basta, pra que mais cobranças, pra que querer de mim o que eles mesmos não podem dar?
todos esperam que não dê certo, todos esperam que eu desista e corra para de baixo da saia da minha mãe, ela nem usa saia, e que me contente com um emprego de vendedora, não que haja algo errado, sendo que meus sonhos são maiores, grandes e extraordinários.
se eu vou consegui ? não sei. na verdade quem sabe ? mas não custa nada tentar, nem que for pra cair e quebrar a cara, pois das quedas também tiramos coisas boas, e as cicatrizes, ah, as cicatrizes... servem pra lembrar de como somos fortes e como e porquê ainda estamos de pé.

(Mariana Vasconi)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Olhar teu olhar tão triste preso em mim me levou à adormecer, não sei se era tempo pra isso ou pra dizer adeus, só não queria perder o momento de ter-me em você de me encontrar perdida em seus braços e me satisfazer de meu desejo.
Pois quando você se ia, mesmo sabendo que voltava, aquilo me partia em duas e eu não sabia como ficava, se me bastava aquele beijo ou se queria o seu desejo.
A vontade me tomava e eu não queria ir embora a tristeza se apresentava pois havia chegado a hora. O teu lábio me gritava e eu não queria ir embora.
Que prazer me romperia agora ?

(Mariana Vasconi)