quinta-feira, 16 de agosto de 2012

estranho passageiro

Era a primeira vez que o via e não conseguia entender como um estranho podia assombrar-me tanto. Sabia que também tinha me notado e que me desejava, seus olhos não negavam. Eu também o desejava, e como.
Um sujeito tão seu, tão cheio de si, porém, não transparecia arrogância, pelo contrário, despertava-me loucamente a vontade de descobri-lo. Descobri-lo de fato, tirar-lhe as roupas também.
Extremamente envolvente com seus olhos pretos, grandes e bem contornados. Seu nariz fino e longo. A barba por fazer e os cabelos ligeiramente longos e desalinhados que traziam uma bandana - você pode até achar uma bandana brega, até ver como caía bem nele. E tinham os brincos nas orelhas.
Ele estava acompanhado, no entanto me olha vez ou outra quando ela não estava por perto.
Senti meu coração queimar e a boca secar, tinha sede. Queria me embebedar dele, mas perdi-o de vista, e por algum tempo minha noite foi normal. Sai então do galpão, onde o som era muito alto, para me sentar com algumas amigas do lado de fora sob as árvores, não importando o frio.
Foi quando me inclinei para falar com uma amiga que estava mais distante eu o vi, ele também me viu, e me olhou, de uma maneira que fez-me sentir enxergada, quase despida e, acima de tudo, intimidada. Me entreguei ao olhar, um pouco mais que isso, me atrevi e olhei-o também. Fui além disso, o despi e o enxerguei, muito além disso, toquei-o com os olhos e ele também tocou-me. Acariciamo-nos. Incitamos e excitamos um ao outro, ao fim provamo-nos sentados ali, apenas olhando-nos, depois do gozo desses olhos, sorrimos nos despedindo e eu não o vi mais naquele noite, nem em outra qualquer.

(Mariana Vasconi)